domingo, 1 de fevereiro de 2009

Deveres e Obrigações

O relógio marca 4:03 da madrugada, Douglas e Talita estão em suas cama, ela deitada do lado direito meio que encolhida e seu marido esparramado pelo resto da cama. Sabiam que viria neste mês, Fevereiro, mas lá próximo do outro mês, pensavam que seria de peixe e não aquário, o filho que Talita carrega em sua barriga, Carlos. Este seria o nome do bebê, já estava decidido desde o 4º ultra-som.

Douglas tem 32 anos, formado em direito, aprovado na OAB desde o término da faculdade, tem um ótimo emprego em um escritório de advocacia na Av. Paulista que atende principalmente empresas estrangeiras, fala um bom português, inglês e alemão, gosta muito de música progressiva, dentre eles, o seu favorito é Pink Floyd, é considerado um homem de ambição e de muita astúcia por seus vínculos de relacionamento e tem uma mulher belíssima. Talita tem 35 anos, mestre em administração pela PUC, trabalha na diretoria de administração de uma grande empresa de cosméticos e tem uma personalidade um tanto quanto engenhosa. Um belo casal aos olhos das pessoas do seus cotidianos.

Uma história um tanto comum em como se conheceram, namoraram e se casaram, se é que tem algo comum em quando duas pessoas se juntam, pois, sim, é algo mágico !

Mas o casamento não vinha, nos 2 últimos anos, em bons sons e gostos ao paladar e ouvidos dos companheiros. O principal motivo das desavenças era a rotina, famosa por muitas brigas em diversos relacionamentos, que o casal começou a confrontar quando Douglas tinha 28 anos, logo após o casamento. Começou com a falta de "carinho" de Douglas, descuidou muito da mulher quando trazia trabalho para casa, algo nada raro, mas que Talita no começo do relacionamento, no namoro, achou o fato de seu companheiro ser tão dedicado ao trabalho uma ótima qualidade, sentia-se segura financeiramente, não achou que viraria um problema. Aos poucos também foi magoando seu companheiro, insinuando a seu respeito e deixando as coisas a meia luz e subentendidas, mas sempre consciente do que estava fazendo, porém começou a machuca-lo tanto que com o passar do tempo não lembrava mais o porque de tais implicâncias.

O tempo foi passando e as picuinhas, discussões, as caras amarradas e diferenças foram surgindo com tanta frequência que acabaram traindo um ao outro, não só fisicamente mas também moralmente e sentimentalmente, e assim, por absurdo que pareça, começaram a se tratar melhor, talves por saberem da infidelidade de suas partes.

A notícia em Agosto, do feto que Talita carregava, reatou a cumplicidade e a paixão do casal em tal forma que se alimentavam um dos olhos do outro. Talita ficou radiante e de uma beleza que só as gestantes irradiam. Seu marido suspirava, pelos cantos do trabalho, de ansiedade para ver sua mulher. Este maravilhoso acontecimento veio pra reatar as pontas que se soltaram do casamento, pensavam os companheiros.

Douglas fez um quarto para a criança, colocou a bandeira do Corinthians, um berço, chocalhos e etc. e tals. Imaginava o na escola como um dos melhores alunos e com bons relacionamentos com garotas, pensava que seria duro com ele para ele ser bom na escola, pensava em trabalhar mais para dar de tudo e do melhor a sua criança e planejava um futuro maravilhoso para seu filho.

Talita matutava que foi o melhor momento para ela e seu marido tivessem um filho, que Carlos fosse um anjo que veio para salva-lá, pensava em seu filho como um super herói, que seria o exemplar para outras mães e faria de tudo para preserva-lo, como toda mãe.

O relógio marca 5:30 agora, Talita na maca comprime o ventre afim de por pra fora o seu filho aquariano. Douglas filma o parto e ao mesmo tempo incentiva a mulher, que já esta roxa de tanta força. Após 1/2 hora, finalmente, Talita, exausta, se preparada para receber em seus braços Carlos e olha para seu marido que chora de felicidade com tal veracidade que a comove também. A enfermeira, em passos amistosos, traz a criança e acaba com a ansiedade do casal que abraça o filho como se quisessem se unir a ele. Carlos não aparenta estar desesperado igual a um recem nascido, pois esta com os olhos meios serrados pela claridade mas lúcidos e atento a seus pais. Os olhos da criança olha para mãe e para o pai e parece entender o mundo deles. Carlos, como por escolha, morre nos braços de sua mãe.

Boriz (Barack Obama)

Max (el touro)