domingo, 4 de janeiro de 2009

A esmo

Vestia um casaco de camurça marrom, apenas um botão estava desabotuado, junto a um Jean azul marinho desbotado, com um rasgo na metade da coxa direita e com as barras comidas por andar em cima delas. Andava a esmo subindo pela rua Augusta, sentindo a Av. Paulista, com um cigarro aceso na boca, cabeça meio reclinada para o chão e com suas mão nos bolso do casaco, ainda não sabia o que fazer.
Estava frio em São Paulo, cerca de 10 °C, sua caminhada ainda não havia o esquentado, e resolveu, por fim, parar em algum lugar para tomar alguns trago. Avistou uma padaria e logo se aconchego perto do balcão virando-se a rua, que ia acendendo suas luzes, pois a noite já estava por vir.
-Boa tarde patrão, vai do que?- perguntou o garçom, de traz do balcão secando as mãos em seu avental.
Palo o olhou com um sorriso no rosto, achou engraçado ser chamado de patrão.
-Hum... não sei, o que tem de forte?
O garçom, que vinha do nordeste, disse sem respirar e muito rapidamente ao passo que Palo compreendeu só o primeiro "drink".
-Rabo de galo, Bomberinho, Pinga com Limão, Pinga com mel, Conhaque, Whisky, Rum...
Palo o olhou e pronuncio interrompendo-o:
-Blah... não sei o que pedir, quero algo quente mas que não me deixe alto rápido.
-Contine, pode ser?
-Claro.
A padaria já acumulava uma quantidade de pessoas, em especial de meia idade e apenas homens, todos sentados em grupos em volta de mesas de plásticos, todos bebendo cervejas, todos fazendo Happy Hour e todos felizes é o que pensava Palo ao passar os olhos para dentro ao se virar novamente para a rua.
Já havia bebido 3/4 de seu trago vendo pessoas passarem pela rua. Eram jovens que desciam e subiam a rua já iluminada pelos postes de luzes, a maioria estudantes de faculdade com rumos certos para a noite, alguns paravam pelos bares a esperar suas companhia, iriam se divertir ali mesmo na rua Augusta, e outros passavam fumando seus "becks".
Bebeu o resto do líquido de seu copo, acendeu um cigarro, Marlboro, com seu zippo e virou-se para o garçom:
-Opa ! - o garçom veio limpando o balcão sorrindo - se pode repetir as bebidas?
Novamente o garçom vomitou o cardápio de bebidas, Palo se sentiu muito desconfortável com isso, porém o homem, de baixa estatura, do balcão mudou a ordem das bebidas começou com Vodka. Pediu Vodka com soda.
-Tá na mão patrão ! - Disse o garçom depositando a lata de soda e um copo com vodka.Palo achou graça novamente no "patrão", tragou forte duas vezes seu cigarro e misturou as bebidas no copo.
Foi bebericando seu "goro" e ao olhar novamente para dentro da padaria, que já estava lotada, observou uma figura incomum a 1 hora a traz, uma mulher. Estava vestindo roupas de verão que mostrava, e muito, suas qualidades, saia, uma "blusinha" com decote e salto alto, era uma prostituta que estava comprando cigarro.
Palo a olhava, sem muito interesse, porém como por um impulso a mulher, que estava abrindo seu maço, olhou fixamente para Palo, chegando a constrangi-lo por 1 segundo, e então, com passos amistosos e olhar fixo ao dele, caminhou em sua direção:
-Hey garotão, fogo?- disse a mulher fazendo sinal de como se acendesse um esquero imaginário.
Palo riu, achou engraçado o sinal, e acendeu o cigarro da prostituta sem passar o zippo para ela. A mulher tragou forte e depois soltou a fumaça fazendo barulho -uufffffsssssss- fintando os olhos azuis de seu doador de fogo por alguns segundos, sorriu e declinou seu corpo para mais perto e disse baixo ao seu ouvido:
-Casa 516 !
A dama da noite saiu do pé de seu ouvindo sorrindo e dando-lhe as costas partiu  rebolando  o quadril. Ela sabia que era bela e também escolher seus homens solitários, porém Palo era diferente, solitário, mas não deste tipo de solidão.
Virou-se para rua e percebeu outras personalidades, eram pessoas indiferentes, vagavam na rua homens gargalhando em bom som, grupos de jovens indo a seus "esquentas" e elementos esquisitos, suspeitos, vendedores de drogas, que Palo os imaginavam com sobre-tudo escondidos nas sombras, apesar de sempre estarem com aparencia comum e se portavam com certa simpatia. Tomou em um só gole seu copo e ficou a contemplar a rua por minutos.
Olhou para o relógio, que se encontrava em cima do balcão ao lado do caixa, que marcava 9 horas e 30 minutos, horário de verão, bufou - blah - esticou o copo até encontrar a pia do outro lado do balcão, puxou mais um cigarro do maço, que já estava quase vazio, e fumou trocando o apoio das pernas que já estvam cansadas, direita, esquerda, direita, esquerda...
Logo após terminar seu cigarro olhou novamente para o garçom, pensou em perguntar as bebidas que serviam novamente, mas desistiu lembrando das palavras regurgitadas do garçom, tentou ir para o caixa, porém foi impedido por uma briga entre um grupo de homens que discutia feroz mente com os 2 caixas e o dono da padaria, pensavam eles que na conta foram aderidas mais cerveja que haviam pedido, era um grupo muito grande de homens que bebiam naquela mesa, cerca de 13, mas a conta realmente extrapolava, 192 reais e alguns centavos. Palo, em pensamento, concordava com os clientes que protestavam, pois em outras ocasiões aconteceram a mesma perturbação, sabia que ao ver os clientes em grande número os donos acrescentavam números a mais ao fechar a conta. Farto da briga, que já estendia-se por vários minutos, voltou a sua posição de início e disse ao garçom:
-Vai longe- olhando para a multidão da padaria - bota uma pinga com mel ai pra mim !
-Pra já - disse o garçom
Ao chegar seu "mel" puxou para perto o copo e cheirou arrepiando-se todo.
Na rua passavam carros bonitos e também latas velhas, pessoas a pé, em grupos ou sozinhas, os minutos se arrastaram com velocidade impressionante, a briga continuava. Palo tomou em um gole só sua bebida, fazendo os pelos dos braços arrepiarem, pediu a mesma dose novamente acendendo um cigarro.
O relógio marcava 11 horas agora. A discussão já havia cessado, Palo bebeu o resto de sua "maldita" e caminhou até o caixa precisando empurrar 3 homens bêbados para que dessem passagem, chegou no caixa e pagou sua dívida. Saiu acendendo seu último cigarro em direção ao metro Brigadeiro, pensou em Bukowisk, no livro e no filme que assistiu a dias a traz, Factatum, e nos últimos pensamentos de Chinask no filme, não sabia se era o Bukowisk que havia escrito, mas se sentiu reconfortável com as palavras lembradas.






Boriz (Barack Obama)

Max (el touro)